Campanha JACUÇARA

A Campanha Jacuçara nasceu para divulgar a importância de duas espécies ameaçadas de extinção: a jacutinga e a jacuçara.

Agora fica fácil entender o porquê do nome Jacuçara, união do nome jacutinga, ave exclusiva da Mata Atlântica, e juçara, uma palmeira do mesmo bioma.

A jacutinga se alimenta dos frutos da palmeira-juçara e, quando voa, leva no seu sistema digestivo muitas sementes, que acabam se espalhando por aí.

Já a juçara, oferece alimento para muitas espécies de animais e é essencial para a fauna da Mata Atlântica.

Infelizmente, essa planta tão importante está ameaçada de extinção devido ao desmatamento e à extração ilegal do seu palmito, uma prática que mata a árvore.

Esses dois fatores também ameaçam as jacutingas, que ficam sem floresta e sem o seu alimento favorito!

A campanha é uma iniciativa do Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Mata Atlântica, organizado coletivamente pelas seguintes organizações:

JUÇARA

Conheça a espécie, uma planta-chave da Mata Atlântica

juçara, palmiteiro, palmito doce, içara, ripeira, ou ensarova

A juçara (Euterpe edulis), palmeira nativa da Mata Atlântica, é fonte de alimento para uma grande diversidade de animais e, por isso, considerada uma espécie-chave para a preservação de matas locais.

Mas, se antes essa palmeira era abundante nessas terras, hoje está vulnerável à extinção na natureza. Atualmente, apenas cerca de 15% do remanescente de Mata Atlântica é de habitat adequado para a ocorrência da espécie.

Além disso, a extração predatória para consumo do palmito causou um grande declínio populacional da espécie.

O fruto da juçara é altamente nutritivo e serve de alimento para, ao menos, 58 espécies de aves e 21 espécies de mamíferos. Cutias, antas, catetos, esquilos e muitos outros animais se beneficiam de suas sementes ou frutos.

Por esse motivo, a escassez dos frutos da juçara em uma floresta significa menor oferta de um importante recurso alimentar para animais silvestres.

Dentre os animais que consomem o fruto, tucanos, jacutingas, jacus, sabiás e arapongas são os principais responsáveis pela dispersão das sementes.

A dispersão das sementes da juçara pela fauna que consome seus frutos é fundamental para a propagação da palmeira.

Em florestas onde aves frugívoras de grande porte, como tucanos (Ramphastos spp.), jacus (Penelope spp.) e jacutingas (Aburria jacutinga), ainda ocorrem, as sementes de juçara são maiores do que em florestas onde encontramos apenas aves menores como os sabiás (Turdus spp.).

Isso mostra que as sementes estão sendo selecionadas de acordo com a capacidade dos dispersores locais. Consequentemente, a ausência de aves de grande porte nas florestas compromete a geração de novas palmeiras, que produziriam frutos maiores.

O consumo da juçara

Além de sua importância ambiental, a juçara tem grande relevância econômica e social.

É utilizada na alimentação humana (palmito, polpa dos frutos e botões florais) e já foi também um recurso na construção civil (estipe como caibros, ripas e mourões).

O palmito juçara é extraído do cerne do caule da palmeira. No entanto, essa prática mata a palmeira.

Além da palmeira juçara, o palmito pode ser extraído de outras espécies de palmeiras, como, por exemplo, a pupunha e o açaizeiro (ou açaí). A extração do palmito nessas outras espécies de palmeiras é uma solução sustentável de consumo.

Isso porque, enquanto a palmeira pupunha e o açaizeiro formam touceiras, ou seja, vários caules, a juçara possui tronco único.

Além disso, a juçara demora de 8 anos a 12 anos para produzir um palmito de qualidade, enquanto o da pupunha pode ser extraído 18 meses após o plantio.

Além do corte direto de cada indivíduo ser responsável pela redução populacional da juçara, a extração do palmito juçara nas matas naturais tem o efeito indireto de reduzir a entrada de novos indivíduos na população local.

A cada indivíduo adulto derrubado da palmeira, há menos fontes de sementes para serem dispersadas e, consequentemente, menor germinação de novas plântulas.

Uma forma de conciliar a exploração, o consumo e a conservação dessa palmeira é por meio da substituição da exploração do palmito pelo fruto.

O beneficiamento do fruto gera uma polpa saborosa e muito nutritiva, com grande potencial comercial.

O manejo da juçara, com enfoque nos frutos para obtenção de polpa, é uma estratégia para a sua conservação, aliada ao desenvolvimento da agricultura familiar.

Quanto mais palmeiras na mata, melhor para os extratores do fruto, que encontram mais recursos para serem coletados.

Para que a extração do fruto seja feita de maneira sustentável, é importante que ela não seja realizada completamentenão seja realizada completamente, e uma parcela dos frutosseja deixada para consumo e para ser dispersada pelos animais silvestres.

Essa prática é também aliada do agricultor extrativista. A dispersão da semente da juçara pela fauna aumenta a quantidade da palmeira na área e, consequentemente, aumenta a quantidade de frutos que poderão ser explorados para o consumo e a comercialização.

Por Marina Vieira Souza. Ilustração Patrícia Yamamoto

ONDE COMPRAR POLPA DE JUÇARA?

Rio de Janeiro

Associação Juçara Viva

Resende, RJ

@jucaraviva

Santa Catarina

Açai Juçara da Montanha

Florianópolis, SC

@acaijucara

acaijucara.com.br

Açaí Juçara Barbacuá

Praia Grande, SC

@acaibarbacua

acaibarbacua.com

São Paulo

Sítio Agroflorestal Abaetetuba

Ubatuba, SP

@sitio.abaetetuba

Sítio das Palmeiras

Ubatuba, SP

@sitiodaspalmeirasuba

Rio Grande do Sul

Cooperativa Econativa

Três Cachoeiras, RS

econativa.coop.br

(51) 999774531

Espírito Santo

YÇARA Extrativista

Santa Teresa, ES

@ycara.extrativista

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE MUDA DE JUÇARA PARA PROJETOS DE RESTAURAÇÃO

JACUTINGA

Conheça a espécie de ave jardineira da Mata Atlântica

Há uma espécie de ave com uma relação tão marcante com a palmeira juçara que a sua sobrevivência está fortemente relacionada com a palmeira. Essa ave é a jacutinga (Aburria jacutinga).

A jacutinga é uma ave grande: mede de 64 centímetros a 74 centímetros e pesa entre 1,1 quilo e 1,4 quilo. Sua plumagem é predominantemente preta, mas com um característico topete branco e pontinhas brancas nas asas. Tem também um bico azulado e a barbela (pele da região do pescoço) nas cores azul e vermelha.

Restrita à Mata Atlântica do Sudeste do Brasil, Argentina e Paraguai, a jacutinga é uma espécie em risco de extinção.

A falta de seu recurso favorito, os frutos da palmeira juçara, não é o único desafio que esta ave enfrenta para manter suas populações estáveis. A perda de habitat e a caça são identificadas como as principais causas do declínio populacional dessa espécie.

Ela é carinhosamente apelidada de ave jardineira da floresta, pois espalha as sementes de muitos frutos dos quais se alimenta.

São registrados pelo menos 41 frutos diferentes consumidos pela jacutinga. As sementes são regurgitadas ou defecadas durante e após o consumo do fruto e, com isso, dispersadas por onde a jacutinga se movimenta. Ela passa a maior parte de seu tempo nas partes altas das árvores emergentes, mas pode ocasionalmente descer até o solo para pegar frutos caídos.

O que significa estar em risco de extinção?

Extinção significa deixar de existir. A extinção de uma espécie significa seu desaparecimento definitivo.

Quando dizemos que uma espécie está em risco de extinção, isso significa que as populações dessa espécies estão em situação de declínio, isto é, que o número de indivíduos está reduzindo ou que eles existem em um número tão pequeno na natureza, e, por isso, as chances de desaparecer são maiores.

Apesar de relativamente comum no meio ambiente, o processo de extinção está sendo intensificado pela ação humana. Destamatamento, mudanças climáticas, caça ilegal e o tráfico de animais são alguns dos motivos que têm acelerado o processo de extinção.

A velocidade deste declínio ou o número e distribuição espacial dos indivíduos da espécie é que vão indicar quão alto é o risco de a espécie ser extinta, ou seja, o risco de que até o último indivíduo desapareça.

A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas é, hoje, uma das principais ferramentas para avaliação e indicação de risco das espécies. Método criado em 1964 pela União Internacional de Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, em inglês), a Lista Vermelha constitui um catálogo detalhado sobre os dados de conservação global das espécies de todo o mundo, amplamente utilizado por vários governos e instituições para direcionar esforços de conservação.

A partir do levantamento de uma série de informações, inclusive com a participação da sociedade, as espécies são avaliadas por organizações, cientistas e especialistas que analisam os dados de ocorrência no tempo e no espaço, associado às principais causas que ameaçam essas espécies.

Os resultados dessa avaliação indicam o risco de extinção para cada uma das espécies, que podem ser classificadas em uma dentre as nove diferentes categorias:

  • Não analisada (NE), quando ainda não há avaliação da respectiva espécie;
  • Dados insuficientes (DD), quando não há muitas informações sobre a espécie;
  • Pouco preocupante (LC), quando a espécie vai muito bem, obrigada;
  • Quase ameaçada (NT), quando há indícios de declínio ou ameaças à perpetuação da espécie no horizonte;
  • Vulnerável (VU), quando a espécie apresenta alto risco de extinção, caso não haja uma mudança no cenário;
  • Em perigo (EN), quando o risco de a espécie desaparecer num futuro próximo é muito alto; Criticamente ameaçada
  • (CR), quando a espécie está sob risco iminente de extinção e precisa de cuidados urgentes para não desaparecer;
  • Extinta na natureza (EW), quando a espécie não tem mais representantes na natureza, apenas aqueles mantidos sob cuidados humanos ex situ, e, por fim,
  • Extinta (EX), quando é confirmado que morreu até o último indivíduo da espécie.

São consideradas como espécies ameaçadas apenas aquelas classificadas como VU, EN e CR.

A palmeira juçara está classificada como VU, vulnerável à extinção, e a jacutinga como EN, em perigo de extinção.

O que está sendo feito para proteger essas espécies?

Ilustração Leonardo Marujo

O que você pode fazer pela conservação destas espécies?

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